Click to listen highlighted text!
Pular para o conteúdo

Nosso Blog

Diário de bicicleta no Nepal 4 – Os primeiros 39Km

Nota4 – 24/05/2017 – 11h43 (horário de Katmandu) – Mal o sol havia surgido no céu de Katmandu e já estávamos em pé para o início da nossa grande jornada no Nepal. Barulhos começam a inundar o ambiente da nossa pousada. Uns vestindo suas roupas, outros preparando o café, arrumando suas mochilas ou dando a última olhada na bicicleta.
Nos reunimos na varanda da Bethel Guest House para os avisos e uma oração. Com os corações gratos, pedimos proteção na viagem. É quase inacreditável: pedalar no Nepal! Para a maioria, o ciclismo não é um esporte praticado regularmente.
Já na rua, esperamos todos estarem prontos para seguirmos (sempre em fila indiana). Agora somos 21 pessoas, com o acréscimo de mais 10 brasileiros que souberam da nossa ideia e quiseram juntar-se a nós. Um de nós é o Mateus de apenas 11 anos.
E lá vamos nós!
Saímos de Katmandu por volta de 5 horas da manhã, dando adeus o rio que corta a capital. Passamos por pelo menos 5 cidades históricas que datam do ano 700, uma cultura milenar. No total, percorremos 39 quilômetros em seis horas e meia. Esta é a primeira parte dos 105 quilômetros planejados que percorreremos em três dias. Por volta das 11 e meia, chegamos ao hotel onde ficamos pelo resto do dia.
Ainda estamos no início da jornada, mas já aprendemos muito. O Sheder usa, emocionadamente, a palavra “superação”. Outros também. Superar seus próprios limites físicos e mentais, e continuar pedalando. Para o experiente ciclista Edu, foi uma lição de paciência. Esperar os mais lentos e cuidar de todos. Para Weslley, a vida é passo a passo (ou pedalada por pedalada). Uma longa jornada se faz enfrentando cada subida e cada descida.
nepal 4
O grande desafio dos primeiros 39 quilômetros era ter que lidar com um trânsito intenso e aparentemente caótico das principais rodovias do país. As estradas são cheias de buracos e os veículos passam bem perto de nós. Precisamos de concentração para não entrarmos nos desviarmos para o meio da pista, o que certamente causaria um acidente. A poeira (muita poeira) atrapalha a visibilidade.
Os motoristas usam a buzina com abundância, mas nunca como expressão de irritação. Não ouvimos discussões, nem palavrões.
Outro desafio é superar as subidas. Não tão íngremes, mas eram muitas. Além de ter força, precisamos suportar as dores no corpo. A vontade de desistir é inevitável nestas condições; por isso, o grupo deve manter-se próximo. Quando um pelotão se afasta, deve esperar outros chegarem.
Como se vê, o trajeto já seria por demais desafiador não fosse algo ainda mais desafiador: enxergar uma pobreza desconcertante do início ao fim. Esgoto a céu aberto, sujeira, cheio ruim. A impressão é que não há desigualdade social por aqui, simplesmente porque não há ricos. (Claro, eles existem, mas não vemos casas muito diferentes umas das outras).
Tudo o que vemos é envelhecido ou inacabado. Até as pessoas. Elas carregam muitas marcas de sofrimento. Um velho de 98 anos ficou ao nosso lado em um ponto de ônibus enquanto descansávamos por alguns minutos. Ele chegou em silêncio e ficou nos olhando. Um olhar cortante numa face marcada por sofrimentos de quase um século. Não havia alegria naquele olhar.
Ao longo do percurso, paramos para fazer fotos, filmagens e entrevistas. Descobrimos uma fábrica de tijolos que paga apenas 1 dólar por dia para meninos dalits [os “intocáveis”, de origem indiana] trabalharem para eles. Vimos a maior estátua do mundo do deus Shiva, um dos muitos adorados no país. Nos maravilhamos com as paisagens das montanhas e dos campos sendo preparados para o plantio de arroz. Em breve, eles estarão brancos. Poderia ter sido esta a visão de Jesus quando disse que os “campos estão brancos, mas os trabalhadores são poucos”. Jesus apreciou o campo e pediu aos discípulos que orassem para que mais pessoas se disponham a aproveitar as oportunidades da semeadura e da colheita.
Todos superaram o primeiro desafio. E esta é a grande notícia. E nunca é só uma pedalada. É unidade, é superação, é amor pelo Nepal, é missão, é graça de Deus.
O primeiro dia do “Pedalando por Bíblias no Nepal” superou nossas expectativas. Em nenhum momento, nos sentimos ameaçados. Fomos acolhidos pelos nepaleses. Nós, estrangeiros ocidentais, nos sentimos bem-vindos.
E fica então a pergunta: como a Igreja Brasileira está acolhendo o Nepal?
#DiárioDeBicicletaNoNepal
#PedalandoPorBíbliasNepal
 

Curtiu o conteúdo? Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp

Deixe o seu comentário

Click to listen highlighted text!