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Diário de bicicleta no Nepal 5 – Descidas e subidas

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#Nota5 – 25/05/2017 – 23h59 (horário de Katmandu)

Imagine a sensação de descer de bicicleta por 15 quilômetros num declive de quase 1.200 metros. Agora pense em encarar uma subida de quase 5 km num aclive de 559 metros, e num sol de quase meio-dia. Foi o que experimentamos no segundo trecho da nossa jornada de duas rodas no Nepal. Dois extremos: descida e subida.

Se o relato deste dia da pedalada ficasse apenas nestes detalhes já seria muito interessante. No entanto, experimentamos muito mais do que isso.

Saímos por volta das 7 horas do hotel DMR. Após uma longa descida logo no início, decidimos visitar um templo hindu que encontramos no caminho. Subimos as escadas e fomos recebidos pelo líder espiritual do local, um senhor idoso vestido com um manto na cor laranja e com típicas pinturas no rosto. A primeira coisa que ele nos falou foi que tirássemos os sapatos. Feito, entramos num espaço aberto e ainda em reforma. O impacto foi grande quando vimos dois altares dedicados a deidades hindus. Num deles tinha uma estátua com várias cabeças. No outro, um tipo de totem que descobrimos ser uma representação do órgão genital do principal deus do Nepal, o Shiva.

Antes de seguirmos a pedalada, Robertinho presenteou uma menina de 2 ou 3 anos com o urso de pelúcia da filha do missionário Edu. Ela queria que uma outra criança pudesse brincar assim como ela brincou.

A parada seguinte foi em uma escola à beira da rodovia. A ideia inicial era mostrar como esta escola funciona e entrevistar seus diretores. Só que aconteceram algumas coisas “fora do script”.

Para fazer as fotos, usamos o nosso drone. As crianças tinham acabado de chegar e ainda estavam em atividade no espaço aberto da escola. Elas ficaram maravilhadas com o equipamento. Começou então uma relação de carinho entre nós e as cerca de cem crianças que estavam na Beb Greenland English School. Nos empolgamos e começamos a bater mais fotos e conversar com o grupo reunido. De repente, um jovem grita, irritado, do segundo andar do prédio em direção ao pátio onde estávamos. Ele queria que parássemos e que saíssemos imediatamente do local. Alguns de nós então foram conversar com ele. Ainda não sabemos exatamente a razão da sua reação, mas entendemos que tinha a ver com o fato de sermos cristãos. A conversa foi ficando mais calma e então decidimos que queríamos ajudar mais concretamente aqueles alunos: compramos cadernos e lápis para cada um. Ao entregarmos, os rostos alegres daquelas crianças invadiram qualquer possível sentimento de ressentimento. Demos e recebemos carinho. nepal 5

Perguntamos para algumas crianças que profissão elas queriam ter quando crescessem. Uma menina disse: médica. Um menino falou: engenheiro. Em seguida, perguntamos se elas sabiam o que era uma universidade. Disseram que sim, mas não souberam dar uma explicação básica qualquer. Não sabiam o que é uma universidade. Nosso colega Weslley respondeu: “é uma escola de adultos”. Uma boa e simples definição. Elas gostaram. No final das contas, uma simples visita a uma escola se tornou uma grande história de compaixão, serviço e diálogo.

Conversamos no final com o diretor, e ele nos disse que aquela era uma escola privada onde cada aluno paga uma mensalidade equivalente a 7 dólares. O turno de aulas é das 10h às 16h. A escola possui alunos hindus, budistas e cristãos. Muitas destas crianças precisam caminhar por 1 hora até chegar lá.

A verdade é que aquele estabelecimento de ensino com instalações tão precárias e professores muito jovens nos ensinou que os sonhos vêm antes das oportunidades. E que a educação nada mais é que o meio para que cada sonho tenha a oportunidade que merece.

Após mais de uma hora no local, nos despedimos das crianças e de seus professores e seguimos em frente. Mal sabíamos que a subida seria tão longa. O sol forte e o esforço contínuo foram inimigos persistentes. Alguns de nós não aguentaram e tiveram que abandonar provisoriamente suas bicicletas e seguir viagem no veículo de apoio. Os outros ainda enfrentaram uma descida grande e trechos cansativos de aclives.

Após 5 horas e meia de jornada, e algumas paradas demoradas, chegamos no hotel programado por volta de uma da tarde. Mais um trecho foi vencido!

Tanto os que seguiram até o final quanto os que precisaram parar durante o caminho, todos aprenderam lições. Lições de persistência, mas também de compreensão de seus próprios limites. Lições de superação, mas também de humildade. Somos finitos. As descidas e subidas das circunstâncias da vida nos lembram claramente isso.

No final da noite, nos reunimos à beira de uma fogueira e compartilhamos nossas avaliações sobre este dia cheio de fatos imprevisíveis. Reconhecemos alguns dos nossos erros no episódio da escola, mas nos alegramos ao perceber que a bondade de Deus nos ajudou a lidar com as falhas. Lavamos os pés dos missionários que nos acompanham nesta jornada. Em seguida, oramos juntos uns pelos outros e pedimos prudência e ousadia nos próximos dias.

Hoje é dia de dormir em barracas.

Amanhã será o último grande trecho da nossa pedalada (e dizem que será o mais duro). O que virá só Deus sabe, mas de uma coisa temos certeza: mesmo com descidas e subidas, terá valido a pena estar lá.

#diáriodebicicletanonepal #pedalandoporbíbliasnepal

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