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Diário de bicicleta no Nepal 6 – Superando a nós mesmos

Nota6 – 28/05/2017* – 23h59 (horário de Katmandu) Pedala, troca de marcha, segue as curvas e as retas, desvia das pedras, suporta as buzinas (muitas buzinas!). O suor escorre pelas sobrancelhas e molha as lentes dos óculos escuros. As pernas não estão apenas doloridas, elas parecem mesmo é ter vida própria, numa desobediência quase civil. Os glúteos doem e por causa disso o selim parece sempre inadequado.

O cansaço não é apenas físico. Tem o elemento psicológico. Os pensamentos que estão na mente: “vou desistir”, “falta pouco?”, “está doendo”…

O terceiro dia (sexta-feira, 26/05) foi o trecho mais difícil da jornada da capital Katmandu até ao vilarejo de Chaco, na fronteira com o Tibet. Faltando 3 quilômetros, fizemos a esperada parada. Nos hospedamos em barracas num hotel rústico e dormimos longamente. O sentimento agora é muito mais de alívio do que de preocupação. Conseguimos. Superamos os desafios! nepal 6

No dia seguinte, de manhã cedo, pedalamos os 3 quilômetros restantes. Chegando em Chaco, os moradores nos saudavam simpaticamente. Descemos uma rua estreita e cheia de pedras. Chegamos, enfim, à igreja chamada do Pr. Timothy, a única daquele lado das montanhas. Eles nos esperavam, ansiosos.

A jornada Intensa, difícil e reveladora. Estas (e muitas outras) palavras podem ajudar a descrever a experiência de pedalar até aqui. Não se trata de uma ficção bem montada. De fato, cada ciclista viveu sentimentos marcantes ao ponto de arrancar lágrimas e de orar com alegria.

Não apenas pedalamos. Deus nos ensinou a superarmos nós mesmos.

Vinci com seus 64 anos, firme e forte
Vinci com seus 64 anos, firme e forte

Vinci tem 64 anos e convive com dores no joelho direito desde que teve que submetê-lo a cirurgia anos atrás. Ele pedalou todo o trajeto, cantando e orando a Deus.

Sheder tem 51 anos e veio com o propósito de ir até o final. No segundo dia, ele chegou ao seu limite de cansaço e teve que tomar uma dura decisão: parar naquele momento para que tivesse forças no trecho do dia seguinte. E foi o que ele fez. Hoje, o Sheder lutou bravamente e, mesmo tendo que empurrar a bicicleta por alguns quilômetros, ele chegou.

Edson é o mais preparado de todos os ciclistas. Ele treina sempre em sua cidade, Maringá. Coube a ele ficar por último para guiar e ajudar os outros ciclistas. Edson precisou superar a si mesmo, limitando seu ritmo e sua capacidade de ir a frente.

Gustavo é oficial da Marinha. Há um ano ele entrou por engano em uma favela do Rio de Janeiro e foi cercado por cerca de 20 traficantes. Levou um tiro na perna direita e, por pura graça de Deus, não morreu ou ficou incapacitado. A bala que perfurou sua perna, mas perdeu força antes de alcançá-lo, não atingiu nenhum osso, nenhum nervo, nenhuma veia. Gustavo está entre os ciclistas do “Pedalando por Bíblias” que chegou até o final do trajeto. Ele não tem dúvidas de que estar aqui é um milagre.

Jeremias foi um daqueles que precisou empurrar a bicicleta por diversas vezes durante os 111 quilômetros. Estava exausto. No entanto, continuou até o fim.

Weslley trouxe seu filho Mateus, de 11 anos. Pedalar era a estratégia para algo mais importante: restaurar o relacionamento entre eles. Ambos chegaram. Mateus percorreu o primeiro trecho e Weslley os três. Hoje eles tiveram uma conversa aberta, sem muros, proporcionada pela experiência juntos. Hoje Mateus abraçou o pai, e o pai abraçou o filho.

Wellington tem 59 anos. Ele é o pai da ideia, mas seu papel no “Pedalando por Bíblias” é muito maior do que organizar a equipe e o trajeto. Ele nos pastoreou. O “tio” (como é carinhosamente chamado) já tinha feito mais de 100 treinos antes de chegar no Nepal. No entanto, nunca deixou o grupo sozinho.

Aprender mais do que ensinar
Viemos com o objetivo de ensinar, mas aprendemos ainda mais. Aprendemos a perseverar, a confiar, a servir, a amar. Aprendemos como Deus é bom, mesmo quando tudo parece difícil.

Depois de uma longa jornada, saímos mais sábios do que quando começamos. E não seria este mesmo o sentido?

#diariodebicicletanonepal #pedalandoporbíbliasnepal

* Devido a limitações técnicas com a internet, não foi possível publicar este texto na data exata dos fatos.

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