A falta ou excesso de informação gera o caos
Job, background, case e clipping. Deadline, raf, briefing e engajamento. Approach, pauta, layout e brainstorming. Palavras desconhecidas e que não dizem nada para muitos. Mas fazem todo sentido para fotógrafos, jornalistas, youtubers, videomakers, publicitários, webmasters, designers, blogueiros, cineastas, produtores, social medias e tantos outros profissionais que escolheram a comunicação como sua tarefa prioritária.
Tudo o que você lê, ouve e assiste – seja na TV, rádio, livros, revistas, flyers, folders, e-books, slides, web, etc – passa pela mente, mãos, telas e lentes desses profissionais. Eles estão no seu dia-a-dia, entretendo, informando, orientando, twittando, divulgando, interagindo, compartilhando, curtindo, enquadrando, selecionando, edificando, comunicando, influenciando.
Diferente de vinte anos atrás quando a internet não era acessível e as grandes empresas tradicionais de comunicação monopolizavam o ramo, hoje, qualquer pessoa, em qualquer canto do mundo pode comunicar em algum canal de mídia. Basta ter uma conexão com a rede mundial de computadores e com um toque na tela do smartphone ou um clique no touchpad do notebook você comunica a uma audiência sem fronteiras.
Isso é bom, mas também é ruim. Muita gente falando pode confundir mais que esclarecer. Muita informação pode deformar ao invés de formar. É tanto texto, fotos, vídeos e sons, que o cérebro não consegue digerir nem o mínimo de tudo que está ao alcance de todos. A falta ou excesso de informação gera o caos.
Deus colocou ordem no caos pelo poder da Palavra
Mas em meio ao barulho de uma sociedade hiperconectada, as pessoas precisam de melodia, harmonia, música, rima, coerência, sentido, convicções, verdade. Imagina uma galera de jovens cristãos que sente chamada por Deus para fazer isso como vocação. Fazer como Deus fez no princípio de tudo: por ordem no caos pelo poder da palavra. Gente que quer usar toda sua criatividade em articular cores, linhas, rabiscos, ângulos, letras, enquadramentos, sons, texturas, imagens, recortes, palavras para comunicar a Verdade.
E foi com esse desejo no coração que cerca de 40 jovens se reuniram durante o Vocare 2017 em um bate-papo com o jornalista Lissânder Dias, coordenador de comunicação do Vocare, e com Paulinho e Adriana Degaspari, do site irmaos.com. Entre os que participaram da conversa, há os que estão começando a dar os primeiros passos na área, mas a maioria já desenvolve alguma atividade, dentro ou fora da igreja: fazendo boletins informativos, vídeos para youtube, gerenciando redes sociais, etc.
Durante o bate-papo, uma preocupação apresentada por um dos jovens foi quanto ao uso de software e hardware falsificados. “Como fazer a igreja investir financeiramente em programas originais para um departamento de comunicação, já que as ferramentas essenciais não são tão baratas?”, questionou o rapaz. Baseado em sua experiência, Paulinho Degaspari, que é missionário da Sepal e desenvolve diversas atividades na área da comunicação, foi direto ao ponto: “Comece com o material que você tem. Fazendo um trabalho sério e de qualidade com o que você tiver, aos poucos a coisa vai ganhar forma e as pessoas vão acreditar no que você faz”.
O mais importante é ouvir o que Deus está falando
A partir da troca de experiências e ideias, foi possível perceber que a turma quer, de fato, assumir e desenvolver todo o potencial de suas vocações no desafio de comunicar a Verdade, com inteligência, coerência e criatividade. E que desafio fazer isso numa época em que a sociedade secularizada e relativista coloca em xeque o conceito de verdade e se assume como a geração da mentira, ou da pós-verdade, como dizem os especialistas.
Mas como encarar este desafio de fazer uma comunicação relevante entre tantas vozes e barulho? Como usar a comunicação para sinalizar o reino de Deus, servindo e transformando a sociedade? O que também ficou claro no bate-papo é que não há um tutorial com cinco passos ou uma receita pronta, tão pouco um mapa ou uma fórmula. Há uma pista: o “grande editor” tem uma pauta e é fundamental se alinhar com ela, como sugeriu o jornalista Lissânder Dias: “O mais importante é ouvir o que Deus está falando”.
E enquanto essa turma vai buscando ouvir a Deus, também já colocam a mão na massa. Exemplo disso foi durante o próprio Vocare, que teve uma equipe de comunicação com quase 30 voluntários, entre jornalistas, fotógrafos, designers e videomakers. Eles contaram um pouco de como foi essa experiência de integrar profissão e vocação:
“Sempre tive medo de escolher uma profissão que não fosse ‘contribuir’ com o reino. Por muito tempo achei que pessoas que serviam com suas profissões tinham que ser da área da saúde, professores e teólogos. Recentemente me desvinculei dessa ideia e passei a procurar ambientes em que pudesse servir com minha profissão. Sou fotógrafa e achava que fazer cobertura de eventos evangélicos seria um bom começo, fui então para o vocare. Lá conheci outras inúmeras possibilidades de servir, mas fui confrontada a exalar um caráter cristão no meu ambiente de trabalho mesmo que este não atenda crentes, pelo contrário, a oportunidade que eu tenho de ser alguém moral e eticamente irrepreensível para o mundo é tão única nesse meio quanto necessária. O Vocare me trouxe diversos aprendizados e oportunidades. Estar engajada na equipe e com o privilégio de servir na área que atuo profissionalmente me mostrou que é exatamente com esses dons e talentos que devo, posso e quero servir no reino. Estar próxima de pessoas que já são atuantes nesta área confirmou algo que Deus já havia colocado em meu coração. Aprendi muitas coisas práticas e técnicas, mas nada foi tão gratificante quanto saber que Deus tem me capacitado e dado a oportunidade de servi-lo fazendo o que amo.”
Angélica Agostini, fotógrafa.
“Assim como há lugar para todos no campo missionário, também há lugar para todos que queiram usar seus talentos, e paixões, também como voluntários em um evento como o Vocare. Isso se traduz em trabalho bem feito. Toda a equipe estava fazendo o que gosta, com seu olhar e toque pessoais, e poder usar sua forma particular de expressão para servir é tremendamente compensador. E, claro, estimulante. O Vocare ajudou a entender e experimentar na prática integração entre profissão e vocação. Citando como exemplo meu próprio caso, foi gratificante poder escrever em forma de crônica o que, a princípio, seria um “relatório” do que aconteceu. Quando é assim, o que poderia ser apenas trabalho torna-se, também, prazer. Afinal, o amor pela arte, pela criação, nos foi dada por aquele que é o mais Criativo de todos, e usá-la ao Seu serviço é a resposta para a grande questão: como empregar o talento que recebemos.”
Renato Alt, ator e publicitário.
“Comecei a aprender a produzir conteúdo em um curto espaço de tempo, como realmente é em uma redação. Na faculdade aprendo a fazer isso, mas sem a pressão de um deadline mais apertado. O Vocare foi mais uma oportunidade de conciliar vocação e profissão. Acho que, mesmo sem saber meu chamado específico, tenho de usar os meus dons, mesmo profissionais, para servir a Deus.”
Pedro Fernandes, estudante de Jornalismo.
“Aprendi que devo estar sensível a tudo que está acontecendo a minha volta para conseguir escrever bem e escrever com alma e sentimento. Para mim, foi uma confirmação de Deus que devo insistir na comunicação e trabalhar com ela não somente no ambiente eclesiástico, mas fora, pois foi algo que Deus me deu e não vejo fazendo outra coisa fora dela. E se for da vontade dele trabalhar com isso em prol do Reino sendo dentro ou fora da igreja.”
Carla Ribeiro, jornalista.
“Foi uma experiência única servir pessoas em um projeto tão bacana e com uma visão tão inovadora. Ser voluntário me fez entender que tenho uma vocação e preciso usá-la para participar da missão de Deus”.
Paulo Ferreira, fotógrafo e youtuber.
“Ser voluntária do Vocare mais uma vez me ensinou mais um pouco sobre a importância da equipe, do corpo que trabalha junto. É muito legal ver isso: atividades que poderiam ser realizadas por uma empresa, sendo feitas (e com muito empenho) por pessoas que não ganharam nada pra isso e que nem se conhecem, mas que por estarem dispostas a entregar seu melhor a Deus, acabam fazendo um ótimo trabalho. Quando participei em 2016, não estava esperando ouvir tanta gente falar isso: “Missão não é só a missão transcultural. Você pode ser um missionário com a sua profissão, no seu emprego atual”. Isso me impactou… Mudou mesmo minha maneira de ver as coisas. É muito gratificante saber que apesar da nossa pequenez, apesar de não merecermos nada, Deus permite que nós sejamos usados com nossas profissões.”
Camila Nogueira, estudante de jornalismo.
“Aprendi a olhar com mais paciência para as minhas dúvidas quanto a ‘como usar minhas habilidades para o Reino’. Através da troca de experiências com os outros voluntários, entendi que todos passaram pelo tempo necessário de amadurecimento, mas que, no momento certo, descobriram, em Deus, como fazer de suas habilidades Vocação. Acredito que encontrei o equilíbrio entre o ser eu e ser útil nessa vida aqui. Entender que minha Vocação não é peso, mas presente, facilita muito o ‘desenrolar’ de vários dilemas que tenho sobre área profissional. O Vocare foi uma ‘luz’ pra isso”.
Brenda Reis, Social Media.
• Phelipe M. Reis é amazonense, missionário e jornalista. Casado com Luíze, pai da Elis e voluntário do Movimento Vocare
Texto publicado originalmente no site parceiro Ultimato.com.br
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