Chegou o grande dia! Estamos na lendária Muralha da China. Uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno bem diante de nossos olhos. Depois de quase duas semanas visitando regiões da Ásia pouco conhecidas, enfim, estamos num dos lugares mais famosos. Mas o que aprenderíamos nesta visita?
O dia estava ensolarado e nós nos sentimos preparados para descobrir a grandiosidade deste monumento. Subimos de teleférico até à entrada da muralha. Turistas indo e vindo aumentaram nossa ansiedade. Mas antes de percorrer os muros, resolvemos aprender um pouco mais da história. O Google nos ajudou, claro.
Ficamos impressionados ao saber que a Muralha, na verdade, são muitas muralhas que foram se juntando ao longo dos séculos, o que explica seus números inacreditáveis: é a maior estrutura militar de defesa do mundo com uma extensão de 20 mil quilômetros (até 2006 achava-se que eram 8 mil km) e que durou 20 séculos para ser finalizada. Mais de um milhão de trabalhadores morreram na construção.
Seguimos nos primeiros degraus, sempre protegidos pelos muros. Alguns trechos eram muito íngremes e exigiam bastante esforço e cuidado nosso. Enquanto subimos, encontrávamos pequenos fortes de pedra com canhões e janelas arredondadas. Encontramos também uns três brasileiros pelo caminho. Foi aquela festa!
Mas tamanha foi a frustração quando descobrimos que o acesso aos turistas já tinha acabado. Percorremos poucos metros e queríamos seguir em frente, mas não havia mais passagens seguras. Tivemos que nos contentar com o último posto e apreciar a paisagem magnífica da muralha e das montanhas.
Queríamos mais aventura. Então alguns de nós pulou a janela do forte e seguiu por um caminho perpendicular mais antigo. Não era uma entrada proibida, outros turistas também transitavam.
Queríamos, no entanto, mais. Nosso desejo era pilotar o drone e filmar toda aquela beleza. Foi aí que nosso companheiro Jessé subiu até o teto do forte e começou a gravar. Quando tinha terminado, e já estava guardando os equipamentos, um policial se aproximou dele e quis expulsá-lo. Jessé desceu rapidamente sob o risco de ter seu material apreendido.
Enquanto isso, no térreo do forte, Sheder observou uma chinesa sentada na janela falando sem parar ao telefone, meio nervosa, e com uma Bíblia na mão. Não pode ser! Uma Bíblia? Após ela desligar o telefone, criamos coragem e nos apresentamos. A comunicação foi difícil (ela falava quase nada de inglês e nós nada de chinês), mas quando ela entendeu que éramos cristãos, ficou cheio de alegria e começou a chorar. Ela pediu para orarmos por ela e pelo tio que estava doente. Queria nos levar até a casa dele. Oramos com temor ao Senhor e pedimos para que ele cuidasse não somente do tio, mas dela própria. Ser cristão em um país cristão é uma coisa, mas ser seguidor de Cristo na China é ser minoria. Anotamos seu nome e seu correio eletrônico.
Chegou a hora de voltar. Descemos os degraus da muralha sentindo-nos privilegiados. Para terminar, o último desafio: descer em um tobogã! Era a derradeira gota de adrenalina que precisávamos.
A Grande Muralha da China representa para os chineses um símbolo monumental de bravura e de resistência contra os inimigos militares. Já nós nos lembramos de Neemias e da missão de reconstruir os muros de uma Jerusalém devastada. O zelo pelo povo de Deus e a esperança de que era, sim, possível reconstruir uma nação se ela novamente se dedicasse ao Senhor fizeram com que Neemias unisse novamente as famílias, fazendo com que cada uma ajudasse a construir o muro. Alguns estrangeiros zombaram do feito, mas isso não desanimou o povo. Sob a liderança de Neemias e a benção de Deus, o muro foi reconstruído e Jerusalém voltou a ser uma referência espiritual.
Nos lembramos ainda que Cristo é a pedra angular que os construtores rejeitaram, mas que se tornou o principal fundamento (Mt 21.42, citando Salmo 118.22-23).
A metáfora da muralha da China ainda vai ecoar por muito tempo em nossos pensamentos. Não somente pela grandiosidade do monumento e pelo fascínio de sua história, mas porque ela nos fez lembrar que Deus nunca parou de trabalhar: ele continua construindo “muros de proteção” para seu povo, e isso ele faz unindo os seus neste empreendimento eterno.